Degustação

A marca do tênis

 Socorro adorava fazer compras no Brás ou na 25 de Março. Pegava metrô e ia caminhar pelas ruas movimentadas de São Paulo. Melhor calçado para caminhar? Tênis. Estava ela no metrô com seus tênis novinhos, acompanhada de sua filha.

Eis que um menino olha insistentemente para seus pés. “Como eu faço? Eu vou descer e ele vai roubar meus tênis”, ela pensa. Alguns minutos depois, outro rapaz, olhando, olhando. “Nossa! Deveria ter colocado um tênis mais velhinho”, ela reflete, já com receio de descer do metrô. [...]


Dedicatória

Este livro é dedicado ao Silem Santos Silva, amado companheiro, meu solo, meu sol, que me alimenta e ilumina. Em seu colo alvoreço.

Um poema no meio do caminho
Amor combina com poema. Dizer de um amor antigo, mas vivo e sempre novo, não caberia em uma narrativa. É falar de um tempo de transformação interior conjunta, profunda e cotidiana. Da juventude à maturidade me tornei uma pessoa melhor nessa convivência com meu amado. Nas afinidades, diferenças, sorrisos, lágrimas, dificuldades, aventuras, conquistas, perdas e em tudo que há de humano e divino, construímos nossa história dia a dia, muitos dias. Tinha um poema em meu caminho. E sigo, feliz, junto dele

Álbum

Aconchego, pôr de sol,
Praia, flores, rouxinol.

Norte, calor, caminho,
Sorte, atenção, carinho.[...]

Fome?

Lembrando esses episódios, penso que tinha vocação para literatura. Pensar a palavra mastigando cada letra, sem metáforas. Então, eu estava no catecismo. Um jovem seminarista era nosso professor. Eu e minha irmã íamos à missa, da qual eu não entendia nada, nada mesmo. Mas respondia direitinho aos améns.
Minha irmã, creio que entendia. Ela lia a Bíblia como se lê um livro de aventuras, um romance, uma tragédia. O seminarista estimulava a caridade, a “campanha do quilo”, enfim, dava aulas chamando a consciência das crianças para as necessidades do povo.
Em uma das aulas, comentava sobre as pessoas que não tinham o que comer.[...]

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